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TTWW-19-P - Nosso Egoísmo Sutil em Servir a Deus

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    erpotterpodcasts
  • 1 de set.
  • 10 min de leitura
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O livro favorito da Bíblia para muitas pessoas é provavelmente o livro dos Salmos. Esta coleção de poesia hebraica é o livro mais longo da Bíblia e expressa toda a gama de emoções humanas: lamentos dolorosos, questionamentos duvidosos e agradecimentos alegres pela libertação. Um dos versículos favoritos é o Salmo 126.3: "Grandes coisas fez o Senhor por nós, pelas quais estamos alegres." Mas o texto original em Hebraico diz outra coisa.


O Salmo 126.3 tem sido repetido em todas as línguas em todas as épocas, quando os crentes se levantam e testificam de alguma coisa maravilhosa que só Deus poderia ter feito. " Grandes coisas fez o Senhor por nós, pelas quais estamos alegres." É um versículo curto com aplicação universal, e foi o próximo versículo a ser traduzido do hebraico em minhas devoções matinais.. Como sempre, terminei meu estudo usando o aplicativo Bible Hub para comparar minha tradução com a de dezenas de outras versões em inglês. Também vejo as traduções nas várias outras línguas que sei ler. Minha tradução: "O Senhor fez grandes coisas conosco; estamos alegres." Fui ver o léxico para certificar que eu tinha traduzido cada palavra corretamente, que confirmou a minha tradução. Não havia dúvida, o original diz "Deus fez grandes coisas conosco", e não "por nós", que é o que dizem todas as traduções em inglês, com a exepção de uma. Muitas traduções em outras línguas também dizem "por nós", mas a Tradução Literal de Young em inglês e traduções em espanhol, sueco e no grego da Septuaginta, leem "conosco", que foi como eu traduzi o versículo.


Há um problema com a tradução?

A preposição hebraica " ‘im" é usada mais de 1000 vezes no texto do AT, e seu significado principal é o de "associação", "igualmente com", "ao lado", "em conjunto com". Em alguns lugares, é traduzido "entre", como em "entre nós" ou "entre vós". Em alguns contextos é até traduzido "contra vós" porque o contexto fala sobre os inimigos que estão em guerra "convosco", ou em outras palavras, "contra vós". Dizemos esta palavra todos os anos no Natal. É a primeira sílaba do nome Imanuel. “Deus connosco”, Immanu (connosco) El (Deus). Mas nestes dois versículos é traduzido "por":


1. Quando o Senhor trouxe do cativeiro os que voltaram a Sião, éramos como os que estão sonhando.  


2Então a nossa boca se encheu de riso e a nossa língua de cânticos. Então se dizia entre as nações: Grandes coisas fez o Senhor por eles.  

3Sim, grandes coisas fez o Senhor por nós (immanu), e por isso estamos alegres.


Mas, o que importa se dizemos "por nós" (inglês “for us”) ou "connosco" (“with us”)?

No contexto do Salmo, seria natural que os tradutores adotassem a interpretação "por nós", e isto não seria contrária ao resto das Escrituras. Deus já fez grandes coisas por muitos dos ouvintes, tenho certeza. Mas e se tomarmos a Palavra de Deus ao pé da letra, "Ele fez grandes coisas conosco "? Considere também o facto de que das 1000 vezes que essa preposição é usada, encontrei apenas mais uma outra vez onde é traduzida "for" em inglês. O profeta Samuel diz aos israelitas em 1 Sam. 12:



23Quanto à minha pessoa, longe de mim pecar contra o SENHOR, deixando de interceder por vós; eu vos ensinarei o caminho do bem e da justiça! 24Tão somente temei ao SENHOR e sirvam-no fielmente de todo o coração, pois vede quão grandes prodígios realizou entre vós (EN: for you).



A redação do v. 24 em português é traduzida ao pé da letra “entre vós” (ou “convosco”), mas em inglês adota “for you” (por vós) como faz em Salmo 126.2-3. Mas olhe para o versículo 23, onde Samuel diz "[Irei] orar por vós" onde que ele usou uma preposição diferente que significa "em vosso benefício". «Orarei em vosso benefício», e depois diz: «Considerai as grandes coisas que Deus fez convosco», e não «por vós».


As implicações negativas de Deus fazer grandes coisas "por nós"

Todos sabemos que a nossa tendência natural é pensar em nós mesmos primeiro. A autopreservação, a autodefesa, é uma prova disso. E quando temos de tomar alguma decisão, pensamos"O que é que eu vou ganhar com isso?". Ponderamos as vantagens e desvantagens de comprar um carro novo versus manter o antigo mais um ano. Cremos que o propósito do amor de Deus é promover o nosso bem-estar, tanto na vida agora e para sempre na eternidade. Como somos a mais alta criação de Deus, o objetivo dEle é garantir que estejamos contentes e bem.


Ficamos felizes quando Deus faz grandes coisas por nós, em nosso benefício. É isso que esperamos de Deus. Mas o que acontece quando as grandes coisas que desejamos de Deus não são a realidade que experimentamos em nossa vida pessoal? O Evangelho da Prosperidade, com sua mensagem de saúde, riqueza e todos os problemas resolvidos, é muito atraente, especialmente se temos saúde, dinheiro e nenhuns problemas. Se estamos atormentados por doenças, lutando contra a pobreza, inundados de problemas em casa ou no trabalho, sentimos que Deus falhou e deixou de cumprir Suas promessas, ou de atender às nossas expectativas.


A raiz do problema é o "seguimento inadequado" do evangelho

Há muitos anos atrás, eu jogava tênis de vez em quando. O bom golpe com a raquete depende do "follow-through" o seguimento. Acho que isso também é válido para o beisebol e o golfe. Eu sei que é verdade para o evangelism. A raiz do problema é o evangelho "incompleto", tão comum em campanhas evangelísticas. Quase todos nós conhecemos as 4 leis espirituais que resumem o evangelho: 1. Deus te ama. 2. O pecado separa-te de Deus. 3. Jesus morreu para tirar o pecado.4. Confie em Seu sacrifício e receba a vida eterna. Isso não é um falso evangelho. Esta mensagem alerta para a separação eterna (condenação no inferno) e apresenta a oferta de Deus para nos salvar disso. Eu reconheci essa verdade quando tinha 8 anos, mas isso foi apenas o começo da minha nova vida. Quando um bebé nasce, procura naturalmente o seio da mãe para mamar, mas algo está terrivelmente errado se a criança nunca passar dessa fase da vida. As campanhas evangelísticas que têm como alvo "salvar almas do inferno" não são falsas, são "incompletas" na medida em que não vão além disso. A falha é de não  haver" follow-through", do não sequimento para o discípulado.

Mesmo o "Evangelho Pleno" encontrado nos nomes de algumas igrejas, que implica que o evangelho não é "pleno" sem a cura dos crentes, pode ser incompleto. Este ensino foca no que Deus pode fazer, quer fazer, e o que Ele tem de fazer mesmo "por mim". Certamente, essas coisas não devem ser minimizadas. O Salmo 103.2 diz: "Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e não te esqueças de nenhum dos seus benefícios!" O resto desse Salmo destaca a misericórdia de Deus mostrada no Seu perdão dos nossos pecados e ofensas. O Salmo 107 exalta a Deus por nos ouvir quando estamos aflitos, apresentando diferentes situações de aflição, cada vez repetindo o refrão: " Então, na sua grande aflição clamaram ao SENHOR, e Ele os livrou de todas as suas tribulações:"


É claro que somos inicialmente atraídos pelo evangelho por causa da sua oferta de fazer algo por nós. Assim respondemos ao apelo do evangelista para «salvar as nossas próprias peles», por assim dizer. Mas como meu primeiro pastor disse, o plano de salvação de Deus não é "uma apólice de seguro contra incêndio" perante a ameaça do inferno eterno. Deus se oferece para fazer algo "por nós" porque Seu verdadeiro objetivo é fazer algo "conosco".



As implicações positivas de Deus fazer as coisas "conosco" em vez de as fazer "por nós".

Em primeiro lugar, isso significa inclusão, e tem um impacto direto na maneira como devemos orar. Claro, eu não posso saber ao certo, mas suspeito que o objetivo de muitas das nossas orações é pedir que Deus nos ajude a realizar os nossos planos. Ao contrário disso, a intenção de Deus é incluir-nos a nós em Suas obras; Ele quer envolver-nos em Seus planos. Deus é Autossuficiente; em Sua onipotência e soberania, Ele não precisa de nós nem de nada que tenhamos para realizar Seus propósitos. Mas Ele tem prazer em estarmos unidos a Ele quando Ele opera. Um evangelista não converte ninguém, mas participa da obra de Deus de salvar os que estão a perecer.


Lembro-me de quando nosso filho Ricardo tinha 3 ou 4 anos e eu estava fazendo móveis para nossa casa no Brasil. Ele adorava pegar um martelo e me "ajudar". Na verdade, sua "ajuda" não fez diferença nenhum no produto final, mas fiquei feliz por ele estar comigo. Cinco anos mais tarde, quando ele tinha 9 anos, e estávamos na Madeira, ele, juntamente com a mãe e a sua irmã Raquel, pegaram na madeira que eu tinha cortada e preparada , e montaram os bancos para a nossa primeira salão de culto. E tive de estar na cidade para finalizar a papelada para que a energia elétrica fosse instalada a tempo da inauguração programada da nossa primeira missão. Aos 9 anos de idade, Ricardo foi uma grande ajuda para completar o plano que eu preparei. Não somos salvos pelas nossas boas obras, mas para as boas obras, “as quais Deus preparou para que andássemos nelas.”  Efesios 2.20.


Deus interessa-se mais em nosso desejo sincero de estar envolvido com Ele enquanto Ele trabalha, do que ganhar algum benefício de qualquer coisa débil que poderíamos realmente fazer por conta própria. Deus quer que façamos parte das grandes coisas que Ele faz, Ele quer fazer grandes coisas conosco. À medida que crescermos e amadurecermos em nossa fé, Ele nos envolverá em projetos maiores.


Isso leva ao próximo passo: a instrumentalidade.

Não somos nós apenas incluídos em Sua obra, somos os instrumentos que Ele usa em Sua obra. "com" não só expressa uma relação de comunidade ou de agir em conjunto, mas expressa instrumentalidade. Depois das últimas tempestades, há grandes galhos que caíram das árvores junto ao riacho que corre ao longo da nossa propriedade. Tenho de cortar os troncos grandes com a minha motosserra. Mas quando faço torradas ao pequeno-almoço, corto as fatias do pão com uma faca, o instrumento apropriado à tarefa. Deus também tem um instrumento diferente para cada propósito que Ele quer realizar. Eu quero que Deus faça Sua obra comigo, o instrumento dEle na tarefa que Ele preparou.


Será que podemos olhar para trás em nossa vida e humilde e alegremente dizer: "Deus fez grandes coisas comigo"? Deus me usou para fazer Sua obra? Essa é a lição dos vasos de barro em 2 Coríntios 4, que Deus usa para transportar o tesouro da luz de Seu glorioso evangelho para um mundo em trevas. O vaso de barro é inútil sem o tesouro que traz dentro. Uma ferramenta não é nada sem o operário. A motosserra nada mais é do que um batente de porta enorme, até eu pegar nela e coloco-a onde preciso cortar o galho da árvore. Vale a pena notar aqui, o que importa não é o que Deus faz por nós, e muito menos o que nós fazemos por Ele. É o que Ele faz com a gente.


A faca na gaveta do armário não passa de um objeto até que eu a use para fatiar meu pão, e ela se torne útil na minha mão. A faca não decide a espessura da fatia; Essa é a minha decisão. Alegramo-nos por ver que Deus fez grandes coisas conosco, mas somos apenas os instrumentos, as ferramentas em Sua mão, usadas onde e como o Mestre quis.


Depois vem a modificação

Essa instrumentalidade está relacionada com o último ponto que quero destacar. Para nos usar, Deus tem que fazer alterações em nós para o que Ele pretende. É um processo de modificação. Esta é a questão que faço a mim mesmo quando me deparo com um objeto qualquer incomum numa feira. Pondero as várias maneiras de empregar o objeto. A questão não é apenas: "Esse objeto é usado para quê?” Vou pensando, “Para que mais posso usar este objeto?" Em outras palavras, como posso fazer uso disso, para resolver outro problema que tenho em mente?" Não sei quantas vezes modifiquei o material que tinha em mão para atingir um propósito completamente diferente do propósito para qual o objeto foi fabricado.


Quando fomos para a Madeira em 1976, não havia nada como MaxMat, ou Aki, onde a gente pode ir e escolher da prateleira uma ferramenta ou um artigo das ferragens. Eu tinha que ir ao balcão e pedir ao funcionário que fosse buscar o que eu queria. Muitas vezes acabei por fazer um pequeno esboço do que tinha em mente. O funcionário desaparecia entre as prateleiras atrás do balcão ou na sala dos fundos e voltava com um artigo. Depois de estudar o objeto, eu dizia: "Bem, não é exatamente isso." Daí eu explicaria com mais precisão: quero algo mais comprido, ou mais curto, mais estreito, mais pesado ou em ferro, não em latão. Tentando compreender melhor, o funcionário faria uma pergunta inútil: "O senhor vai usar isso para fazer o quê?" Geralmente, o que eu tinha em mente era algo completamente alheio ao propósito para qual o artigo na loja de ferragens foi projetado. Em minha mente eu já estava a ver como iria modificar o artigo, dobrá-lo, cortá-lo, fazer furos nele, virá-lo ao contrário e de cabeça para baixo para servir o propósito que eu tinha em mente.


Já alguma vez ouviu uma mãe exasperada dizer ao seu filho: "Não sei o que eu vou fazer contigo"? Ela chegou ao seu limite e algo teria que mudar, e esse algo era o filho. Antes que Deus faça algo grande conosco como Seus parceiros, e faça algo grande conosco, usando-nos como Seus instrumentos, Ele terá que nos modificar no instrumento exato para o propósito que Ele tem em mente. Ele vai ter de fazer alguma coisa com a gente.


Ele nos purifica de nossos pecados, lima as arestas ásperas de nossa natureza humana, santifica nossa maneira de falar, inclina nossos interesses para coisas espirituais, sintoniza o nosso recetor espiritual para o canal onde recebemos os sinais emitidos pelo Espírito Santo, e Ele ajusta o foco de nossos objetivos para a visão que Ele tem para nós. Há muita coisa que Ele tem de fazer connosco .O propósito da Sua salvação não é confortar-nos a nós, mas demonstrar ao mundo quaõ grandes coisas Ele faz com pobres criaturas como nós.


Deus nos acompanha, nos usa, e nos modifica. Ele faz grandes coisas connosco.

Em verdade, Grandes coisas fez o Senhor por nós, pelas quais estamos alegres. Mas devemos dizer ainda mais alto: "O Senhor fez grandes coisas conosco; Ele nos acompanha, nos usa, e nos modifica e por isso, estamos sobremaneira alegres."

 
 
 

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